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quarta-feira, 13 de março de 2013

BIENVENIDO PAPA FRANCESCO!


                                                                   CHICO,PARA OS ÍNTIMOS!

terça-feira, 12 de março de 2013

MIRIAM DE SALES ENTREVISTA CASTRO ALVES





O BLOG DE MARÇO/13


             MIRIAM SALES ENTREVISTA CASTRO ALVES

Eu- Bom dia,poeta.Hoje você completa 166 anos,mas,sua beleza,seu carisma ,sua juventude permanecem a mesma.A que se deve isto?
C.A. Não vê? morrer jovem tem dessas vantagens;mas,afinal,o que é o tempo?vive-se ,morre-se mas,a dança dos séculos permanece.
Eu- Mas,você é imortal.Seus poemas atravessaram o tempo e a beleza dos seus versos ainda encantam diferentes gerações.
C.A.Verdade? Quando nasci a 14 de março de  1847,naquela fazenda Cabaceiras,num município chamada Curralinho...
Eu-...que hoje leva seu nome Castro Alves.
C.A. Sei e encho-me de orgulho.Naquela época jamais pensaria em ter  toda essa fama.E,nem a procurava.Só queria viver,amar e louvar a beleza.
Eu- Seus pais,o Dr. Antonio José Alves e sua mãe,D. Clélia,filha do Periquitão,um dos grandes heróis da Independência que ajudou a derrotar Madeira de Melo,lhe deram todo o apoio nos estudos e na vida,por se tratar de pessoas esclarecidas e de visão;isso ajudou sua formação,não foi?
C.A. Ajudou muito.Minha família criou e desenvolveu o poeta.E,eu adorava meu avô,José Antonio da Silva Castro que me ensinou a preservar a liberdade e a independência das ideias.
Eu –Você teve muitos irmãos...
C.A –Sim,José Antonio,eu,Antonio,Guilherme,João,que morreu ao nascer e ,por fim,Elisa.
Eu-A cidade ficou muito pequena para as ambições de seu pai.Mudaram-se para a Capital.Conta isso.
C.A- Pois é ,fomos morar na rua do Rosário,nº 1,um antigo casarão cheio de lendas e mistérios.Lá viveu uma bela moça,Júlia Feital ,que foi assassinada pelo noivo ciumento,com uma bala de  ouro.
Nesta casa nasceram Adelaide e Amélia.
Eu-Em 1855 começaram seus estudos...
C.A. –Foi.Cursei o Colégio Sebrão,depois fui para o Ginásio Baiano do Abílio César Borges,um grande educador.
Eu- Sei,o Barão de Macaúbas,mestre inesquecível.
C.A –O doutor revolucionou o estudo da época;estudávamos várias matérias ao mesmo tempo,tínhamos liberdade e nenhum castigo físico.
Eu já gostava de falar em público, recitar e reverenciar os vultos importantes.Seria isso um precursor da fama?rsss
Eu- Por certo que sim.Quem sai aos seus não degenera.Seu pai não foi um dos fundadores da Sociedade das  Belas Artes da Bahia?
C.A- Ele gostava de pintar.Mamãe morreu neste período aos 33 anos;foram dias muito cruéis.Meu irmão tentou  o suicídio;conheci a morte e a loucura e a minha vida só voltou ao normal quando eu e José Antonio fomos para Recife,fazer os preparatórios para a Faculdade de Direito.Lá ,terminamos morando numa “república” e comecei a escrever meus primeiros poemas,além de fundar um jornal “ A Primavera”.Apaixonei-me por Vítor Hugo ,pelo teatro,ah! A Dalila de Feuillet,representada por Eugênia Câmara,grande atriz portuguesa ,que seria meu primeiro e único amor.

Eu- Mas,esse amor chegou muito depois,não foi?Por enquanto,você tinha 16 anos ,era belo,jovem,inteligente,rico e muito orgulhoso,segundo seus colegas.
C.A Mas,como tudo na vida ,alegria e decepções andam juntas;tive percalços na Faculdade e perdi meu irmão,José.
Mas,como já sabia as matérias do curso pude me dedicar a escrever “Os Escravos”.Os problemas sociais já me chocavam e indignavam.
Eu –Mas,você já começava a despontar em público;recitou “O Século” na abertura dos estudos dos estudos jurídicos.
Naquela época os poemas eram cívicos,estávamos em plena Guerra do Paraguai,todos queriam louvar os voluntários,você ,também...
C.A- Sim, cheguei a me alistar,mas,não gosto de guerras nem violência.
Eu-Em 1866 você perdeu seu pai,mas,ganhou o amor de Eugênia Câmara.
C.A – A vida é assim ,perdas e ganhos.E,nunca quis passar o sentimento de perda ou dor,pessoais,para minha poesia.
Eu-Para ela você escreveu vários poemas de amor e a peça “O Gonzaga”,que queria ver interpretada por ela,no papel principal.
C.A- Claro.Ela era melhor atriz que a Adelaide do Amaral,amada do Tobias Barreto,que era meu amigo e,depois,tornou-se meu maior adversário.Tobias era feio,velho,escrevia mal e declamava ainda pior.
Eu- Não era páreo para você,que entrava em cena,belo,vestido de negro,com uma flor na lapela,pálido ;as mulheres ,deliravam.
C.A- rsss Mas, a vida não era só isso.Fundei com Rui Barbosa e colegas da Faculdade uma sociedade abolicionista e republicana.
Eu- Por essa época você e Eugênia foram viver na Bahia...

C.A. No Solar Boa Vista,antiga casa da minha família.Fomos felizes ali.Finalmente,estreou o Gonzaga,com Eugênia ,no papel principal.Foi uma consagração.Fui carregado pela multidão ,emocionada.
Eu-E,no Rio,como foi?

C.A. –Um sucesso.Fui ver José de Alencar e conheci Machado de Assis ;ele e meu colega  Lúcio de Mendonça,fundador da Academia de Letras,deram uma força muito grande para minha carreira.Recitei “Ode ao 2 de Julho”,o “Navio Negreiro” e comecei a escrever “Vozes D’África.”
Eu- Então,estava tudo bem...
C.A – Quem dera.A vida com Eugênia estava insuportável;brigas,picuinhas,desavenças,desconfiança,falava-se em adultério.Enfim,ela foi embora.
Eu- Você sofreu muito?
C.A-Muito.Abatido,desgostoso,sem rumo,passei a gostar de caçadas e,naquele trágico dia de Novembro,desastrado,dei um tiro no pé.Seis meses de cama,triste,solitário ,plantei ali a semente da minha morte.Mas,ainda escrevi “Espumas Flutuantes” enquanto viajava de vapor para a Bahia.
Eu- Ainda houve muitos versos e paixões,como a bela viúva Agnese.
C.A Foi.Mas,a doença agravou-se e,no dia  6 de julho de 1871, três e vinte da tarde ,a morte chegou.Pedi a minha irmã que me levasse até á janela para ver o sol.Então,ela chegou...
Se fui feliz,sim.Fui poeta,sonhei e amei na vida....Casei o pivô com a poesia.Vida breve,mas, muito bem vivida.Estou cansado.Adeus.
Eu- Querido poeta,obrigada por falar comigo.Adeus.
                  Estátua de Castro Alves,Salvador,
porque  a praça é do povo,como o céu é do condor.


 O século

O SÉCULO
POEMA DE CASTRO  ALVES
O séc'lo é grande...No espaço
Há um drama de treva e luz. 
Como o Cristo — a liberdade 
Sangra no poste da Cruz. 
Um corvo escuro, anegrado, 
Obumbra o manto azulado, 
Das asas d'águia dos céus... 
Arquejam peitos e frontes... 
Nos lábios dos horizontes 
Há um riso de luz... É Deus.
Às vezes quebra o silêncio 
Ronco estrídulo, feroz. 
Será o rugir das matas, 
Ou da plebe a imensa voz?... 
Treme a terra hirta e sombria. . . 
São as vascas da agonia 
Da liberdade no chão?... 
Ou do povo o braço ousado 
Que, sob montes calcado, 
Abala-os como um Titão?!...
Ante esse escuro problema 
Há muito irônico rir. 
Pra nós o vento da esp'rança 
Traz o pólen do porvir. 
E enquanto o cepticismo 
Mergulha os olhos no abismo, 
Que a seus pés raivando tem,
Rasga o moço os nevoeiros, 
Pra dos morros altaneiros 
Ver o sol que irrompe além. 
Toda noite — tem auroras, 
Raios — toda a escuridão. 
Moços, creiamos, não tarda 
A aurora da redenção. 
Gemer — é esperar um canto... 
Chorar - aguardar que o pranto 
Faça-se estrela nos céus. 
O mundo é o nauta nas vagas... 
Terá do oceano as plagas 
Se existem justiça e Deus.
No entanto inda há muita noite 
No mapa da criação. 
Sangra o abutre — tirano 
Muito cadáver — nação. 
Desce a Polônia esvaída, 
Cataléptica, adormida, 
À tumba do Sobieski; 
Inda em sonhos busca a espada ... 
Os reis passam sem ver nada ... 
E o Czar olha e sorri...
Roma inda tem sobre o peito 
O pesadelo dos reis! 
A Grécia espera chorando 
Canaris... Byron talvez! 
Napoleão amordaça 
A boca da populaça 
E olha Jersey com terror; 
Como o filho de Sorrento, 
Treme ao fitar um momento 
O Vesúvio aterrador.
A Hungria é como um cadáver 
Ao relento exposto nu; 
Nem sequer a abriga a sombra 
Do foragido Kossuth. 
Aqui — o México ardente, 
— Vasto filho independente 
Da liberdade e do sol — 
Jaz por terra... e lá soluça 
Juarez, que se debruça 
E diz-lhe: "Espera o arrebol!" 
  
O quadro é negro.  Que os fracos 
Recuem cheios de horror. 
A nós, herdeiros dos Gracos, 
Traz a desgraça — valor! 
Lutai... Há uma lei sublime 
Que diz: "À sombra docrime 
Há de a vingança marchar." 
Não ouvis do Norte um grito, 
Que bate aos pés do infinito, 
Que vai Franklin despertar?
É o grito dos Cruzados 
Que brada aos moços — "De pé"! 
É o sol das liberdades 
Que espera por Josué!... 
São bocas de mil escravos 
Que transformaram-se em bravos 
Ao cinzel da abolição. 
E — à voz dos libertadores — 
Reptis saltam condores, 
A topetar n'amplidão!...
E vós, arcas do futuro, 
Crisálidas do porvir, 
Quando vosso braço ousado 
Legislações construir, 
Levantai um templo novo, 
Porém não que esmague o povo, 
Mas lhe seja o pedestal. 
Que ao menino dê-se a escola, 
Ao veterano — uma esmola... 
A todos — luz e fanal!
Luz!...  sim; que a criança é uma ave, 
Cujo porvir tendes vós; 
No sol — é uma águia arrojada, 
Na sombra — um mocho feroz. 
Libertai tribunas, prelos ... 
São fracos, mesquinhos elos... 
Não calqueis o povo-rei! 
Que este mar d'almas e peitos, 
Com as vagas de seus direitos, 
Virá partir-vos a lei.
Quebre-se o cetro do Papa, 
Faça-se dele — uma cruz! 
A púrpura sirva ao povo 
Pra cobrir os ombros nus, 
Que aos gritos do Niagara 
— Sem escravos, — Guanabara 
Se eleve ao fulgor dos sóis! 
Banhem-se em luz os prostíbulos, 
E das lascas dos patíbulos 
Erga-se a estátua aos heróis!
Basta!... Eu sei que a mocidade 
É o Moisés no Sinai; 
Das mãos do Eterno recebe 
As tábuas da lei! — Marchai! 
Quem cai na luta com glória, 
Tomba nos braços da História, 
No coração do Brasil! 
Moços, do topo dos Andes, 
Pirâmides vastas, grandes, 
Vos contemplam séc'los mil!


NOSSA HOMENAGEM AO MAIOR POETA BAIANO DE TODOS OS TEMPOS

sexta-feira, 1 de março de 2013