Seguidores

domingo, 20 de janeiro de 2013

O PROCESSO DA SOLIDÃO




                  O BLOG DE JANEIRO/13

          DEDICADO A WALMOR CHAGAS



O PROCESSO DA SOLIDÃO
“É tolice viver quando a vida é um tormento: dispomos da prescrição de morrer ,quando a morte é nosso médico.”
                                   Shakespeare,Othelo

A morte recente do grande ator Walmor Chagas,segundo as notícias,causada por ele próprio,nos leva o pensamento ao pior da velhice,a extrema solidão.
Apesar dos ôba – ôbas  e das cortinas de fumaça que querem envolver a terceira idade com eufemismos ridículos ,como “melhor idade”,entre outros,os seres humanos mais sensatos que chegaram a esse estágio e não querem viver uma velhice folclórica,limitam-se,apenas,a tomar uma atitude simples ,mas,benéfica: a aceitação do seu estado atual e a resignação.
Nossa  vida humana tem três estágios,a infância,idade de aprender e  gastar energias,a idade adulta,quando se busca um caminho na vida,escolhe-se uma profissão,procria-se ,garantindo mais uma geração e a velhice,a idade da reflexão, da paz,onde já  se conquistou tudo ,se viveu  momentos felizes e,agora,parte-se para colher os bons frutos semeados na época do plantio,que é a idade adulta.
Sempre digo, prepare aos 30 os sessenta que chegarão.
Nada é mais belo na velhice do que as cãs,ganhas na luta pela sobrevivência  e a dignidade que ela nos trás   merecendo respeito e reverência.
Numa sociedade que cultua a juventude,o imediatismo,a competição a qualquer preço,claro ,que os mais velhos não serão bem aceitos.E eles se ressentem desta rejeição quando há tanto a ensinar,tanta vivência a ser passada.Somos a estória viva de uma época que não voltará.
Mas, se os avanços da medicina  chegaram a um nível  que prolonga demais a vida na terra, ainda falta muito para coibir os males que nos chegam com a idade,fruto de um organismo em pleno estado de exaustão;órgãos cansados,vista fraca,fala difícil e péssima locomoção que não  permite aos mais velhos sentarem-se nas suas cadeiras de balanço,apanhar um bom livro ou ouvir um bom concerto de cabo a rabo ,como confessou querer o Walmor.Ler um bom livro como desejava Jorge Amado e meu pai,leitor incansável ,que caiu em profunda depressão quando a catarata o tirou do prazer da leitura.
Quem gosta de ler não admite que alguém leia para si.
Walmor,que se refugiou num sítio adorável ,em meio á natureza,queixava- se das limitações que a idade provecta trás.Precisava de fisioterapia – como andar pelos campos,sentir o cheiro da mata,sorver o ar puro das montanhas sem a ajuda das pernas?- como ouvir um bom concerto,identificar cada corda,cada instrumento,cada nuance,se o ouvido ,comprometido,precisava de um fonoaudiólogo? –como ler um livro,incomodado cada vez mais pela catarata,vilã de todo idoso que se refaz na leitura,enchendo com uma boa conversa com os clássicos ,o tempo que lhes resta?
É mesmo melhor escolher  a hora de deixar o palco.Sem pretensões religiosas a quem os espíritos livres não se dobram,Walmor,como o “gringo velho”,personagem de Carlos Fuentes,preferiu adiantar sua partida.
Um grande guerreiro,enfim,dono do seu destino.


"...E ISTO ACIMA DE TUDO;SÊ FIEL A TI MESMO!"
WALMOR CHAGAS,UM DOS MAIORES ATORES DO TEATRO BRASILEIRO E UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NUNCA VENDEU OU PROSTITUIU SEU TALENTO.
HOMENAGEM DE UMA FÃ!

                           BIOGRAFIA


Em  Memórias Póstumas de Brás Cubas
Walmor Chagas nasceu em agosto de 1931, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.Teve uma vida artística bem interessante, pois começou em teatro, fazendo muito sucesso. aí veio sua preocupação com a perfeição e o capricho no momento de compor um personagem. Nunca foi ligado a uma televisão apenas. Sempre escolheu os seus trabalhos.Veio do T.B.C.(Teatro Brasileiro de Comédia), onde atuava ao lado de Cacilda Becker, com quem teve um longo romance e veio a se casar. Ao seu lado esteve Walmor até a morte de Cacilda, que se deu em pleno trabalho teatral.Em televisão Walmor começou na TV Tupi, a pioneira, em1965, na novela: “Teresa”. Nessa mesma emissora fez: “A Outra”; “O Amor tem cara de Mulher”; “Nenhum Homem é Deus”. Em 1970 transferiu-se para a TV Globo, que começava suas novelas de sucesso. Participou de: “As Bruxas”; “Selva de Pedra”; “Corrida do Ouro”; “O Grito”; “Locomotivas”. Aí voltou á Tupi e participou de “Como Salvar Meu Casamento”, quando a emissora já fechava suas portas. Voltou à Globo para participar de: “Coração Alado”; “O Amor é Nosso”; “Avenida Paulista”; “Final Feliz”; “Eu Prometo”; “Vereda Tropical”; “Selva de Pedra”; “Mandala”; “O Pagador de Promessas;”; “Sex Appeal”; ”Sonho Meu”; “Salsa e Merengue”; “Esperança”; “ Os Maias”; “Mad Maria”, que aconteceu em 2005. Além disso, é claro, Walmor Chagas sempre fez participações em filmes e peças de teatro, que é o seu berço. E é de notar que tudo o que faz leva sempre a mesma marca da perfeição, que lhe é peculiar.

                      SEUS TRABALHOS
                    Walmor em "Hamlet"

Teatro

[editar]

Televisão

                                                                Os Maias,na TV
Telenovelas e minisséries

Programas

[editar]

                                                                 Beto Rockfeller

Cinema




CIAO
                 

sábado, 12 de janeiro de 2013

ANO NOVO





                 O BLOG DE JANEIRO/2013                                               

                         ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo...
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto

da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,

Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
dorme e espera desde sempre.


                    TEMPOS MODERNOS

ENSAIO: GATOS


O gato é uma maquininha 
que a natureza inventou; 
tem pêlo, bigode, unhas 
e dentro tem um motor.


Mas um motor diferente 
desses que tem nos bonecos 
porque o motor do gato 
não é um motor elétrico.


É um motor afetivo 
que bate em seu coração 
por isso faz ronron 
para mostrar gratidão.

No passado se dizia 
que esse ronron tão doce 
era causa de alergia 
pra quem sofria de tosse.



Tudo bobagem, despeito, 
calúnias contra o bichinho: 
esse ronron em seu peito 
não é doença - é carinho.

     Vem cá, meu gato, aqui no meu regaço; 
       Guarda essas garras devagar, 
       E nos teus belos olhos de ágata e aço 
       Deixa-me aos poucos mergulhar.


Quando meus dedos cobrem de carícias 
   Tua cabeça e o dócil torso, 
   E minha mão se embriaga nas delícias 
   De afagar-te o elétrico dorso,

Em sonho a vejo. Seu olhar, profundo 
   Como o teu, amável felino, 
   Qual dardo dilacera e fere fundo,

E, dos pés a cabeca, um fino 
   Ar sutil, um perfume que envenena 
   Envolvem-lhe a carne morena. 
  


* VERSOS DE FERREIRA GULLAR
*SONETO DE BAUDELAIRE





                TENHA UM 2013 BEM FELIZ!